Doujinshi


1 INTRODUÇÃO 

Doujinshi, transliteração de Dōjinshi, é o termo japonês para obras auto-publicadas, geralmente Revistas, Quadrinhos ou Romances. Deriva das palavras Dōjin e shi. Onde a primeira, muitas vezes é romanizada como Doujin e significa de forma genérica um grupo de pessoas que compartilham atividades, hobbies ou realizações. Já shi, é sufixo oriundo de Zasshi utilizado para denotar "publicação periódica" ou "Revista". Ou seja, Doujinshi pode ser entendido como "publicação de um grupo que compartilha interesses em comum".
São frequentemente obras de artistas amadores, embora alguns artistas profissionais participem com intuito de publicar material fora da indústria comum e de suas histórias. Muitas dessas publicações colocam personagens já conhecidas do público de Mangás, Animes, Jogos e outras mídias em situações novas. Fazendo sentido ou não com as histórias de onde estas saíram. Existe no entanto um número significativo de autores que publicam quadrinhos com personagens e histórias originais.
Não seria o maior dos erros chamar Doujinshi de "Mangá Independente", mas o termo "Mangá" costuma ser usado apenas para trabalhos publicados profissionalmente. Como o Doujinshi na essência não tem por objetivo gerar lucro direto aos artistas, não deve ser equiparado a um trabalho profissional, ainda que algumas destas publicações cheguem a excelentes níveis quando se avalia o quesito de qualidade na artística e apresentação de histórias. 

2 CATEGORIAS E MEIOS DE DISTRIBUIÇÃO

2.1 Categorias

Como visto nos Mangás, existem Doujinshi em uma infinidade de gêneros e subgêneros, porém, vale a pena categorizar tais obras em duas categorias bem mais abrangentes. As Originais e as Parodiadas. Caso você se pergunte o porque disso, podemos lhe dizer que esta forma é o melhor ponto de partida em escolher um Doujinshi para ler. Afinal de contas, você pode fazer parte do público que busca algo novo ou querer somar números aos que se divertem vendo seus personagens favoritos em outras ambientações.

2.2 Cenário Fictício & Distribuição

Vamos imaginar o seguinte cenário. Você deseja fazer uma história ambientada no universo de Harry Potter e a publica em sites voltados para fanfictions, etc. Depois de um tempo, você consegue alguns, ou quem sabe, muitos leitores. Dificilmente os detentores de tal obra estarão entrando em contato com você para que retire sua publicação da internet, ainda que isto possa acontecer.
Depois de conquistar seu publico na internet, neste exemplo fictício, você decide ir a convenções locais ou ainda vender sua história na internet. Isso aumenta ainda mais o seu público ao ponto de ganhar fãs ou leitores ávidos para que você continue a história. Mas como a vida infelizmente é muito corrida e precisamos de dinheiro para sobreviver e as vezes tentamos transformar nossos Hobbies em renda, você pode acabar parando e pensando, "porque não ganho dinheiro com isso. O que vier é lucro... alguém vai estar disposto a pagar por algo que gosta". Eis que chega uma notificação para você, antes mesmo (ou até depois) de iniciar suas esperadas vendas requisitando que remova o conteúdo da internet e  não mais o comercialize.
Afinal de contas, é totalmente ilegal pegar qualquer obra e modificá-la para comércio. Algumas pessoas chegam ao ponto até de modificar nomes ou detalhes mas mesmo assim acabam sendo processadas por plágio caso insistam em manter publicado tal conteúdo (ainda que esta não seja uma regra e o processo podendo vir antes mesmo de um aviso formal ou de tentativas de angariação monetária).
Se eu te disser que esta costumeira situação ocorrida no nosso lado do mundo envolvendo advogados, não recebe, na sua maioria, equivalência nas terras japonesas? Posso contar um segredo? Que não é tão segredo assim. Estas obras inclusive são incentivadas oficialmente por lá. Mas por favor, calma, não vamos tirar conclusões precipitadas. Existe Leis relacionadas a direitos autorais sim, é claro, mas não são aplicadas sem reclamação de um detentor de direitos. E os detentores de direitos japoneses normalmente não reclamam.
Esse incentivo muitas vezes vem por meio de eventos e convenções voltados para a venda e troca destas obras. Pasme! Estima-se que mais de 1000 encontros do tipo ocorram anualmente no Japão. Vale nesse meio mencionar a Comiket, também conhecida como Comic Market. Nada mais é que a maior feira de Doujinshis do mundo, realizada duas vezes por ano em Tóquio, Japão. O primeiro Comiket foi realizado em 21 de dezembro de 1975, com apenas cerca de 32 círculos (Termo para grupos ou indivíduos que criam Doujinshis) participantes e um número estimado de 600 a 700 participantes. Até chegar nos dias de hoje a participação aumentou para mais de meio milhão de pessoas. Aproximadamente a cada edição do Comiket participam 35.000 círculos. De forma ao evento ficar mais organizado, os círculos que produzem obras sobre um assunto comum, como uma franquia de mídia específica ou gênero, geralmente são agrupados no mesmo dia.
Muitos devem pensar: "Nossa, deve ser decepcionante ser vítima de plágio, tendo a sua obra plagiada ou estragada com adições de cenas não oficiais". Só que muitos artistas japoneses encaram a situação de outra forma. Muitos respeitam esses artistas amadores e encaram as publicações parodiadas de sua obra original como um objeto de sucesso. "A minha obra tocou tanto as pessoas que estas até quiseram fazer derivações dela". Ou até mesmo, olham os Doujinshis como uma forma de publicidade gratuita. Você acredita que até Mangakás Profissionais e famosos costumam fazer Doujinshis de obras dos seus colegas de profissão?
Existe até o respeito por parte de profissionais a esses artistas amadores, até porque vários deles são oriundos de circunstâncias semelhantes. Eles veem na criação deste tipo de conteúdo os primeiros passos em direção ao profissionalismo. Naturalmente, os profissionais que começaram suas carreiras "pegando emprestadas" personagens populares não querem esmagar jovens artistas que fazem o mesmo. Sem contar que artistas amadores podem se tornar superstars em futuro próximo. Não faz sentido arruinar relacionamento com alguém que pode preencher as prateleiras em breve.
Deixando de lado os potenciais negócios, trabalhos derivados geralmente têm disponibilidade e lucro limitado, muitas vezes, inexistente, e a vitória em tribunal raramente produz algo significativo para a parte que processa. Diante disso, os processos contra artistas amadores são vistos como uma perda de tempo. Uma atitude irracional.
É claro que nem todos autores vão gostar disso, mas estes normalmente não irão processar os responsáveis com medo de sua reputação e obra serem negativadas. Ou seja, extinguir os Doujinshis pode ser uma ameaça para obra ou estúdio original, o que resulta na "liberdade" para produzir tal conteúdo.
E ainda, de acordo com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, Doujinshis não competem no mesmo mercado das obras originais que se baseiam e, portanto, não afetam diretamente os lucros das obras originais. Ele disse que Doujins devem ser tratados mais como paródias (não no sentido cômico da palavra) e argumentou que Doujinshis não obtém muito lucro, e isso não prejudica os direitos de propriedade intelectual como obras piratas, streaming ilegal de anime ou upload de Mangás em idiomas licenciados.

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